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Flip: para além dos livros, evento movimenta Paraty mesmo com tempo nublado

Dos escritores e artistas mais aclamados aos autores independentes, programação rica em debates, cultos ao livro e apresentações musicais encerra neste domingo (26)

relogio min de leitura | Escrito por Cyntia Fonseca | 26 de novembro de 2023 - 10:26
Imagem ilustrativa da imagem Flip: para além dos livros, evento movimenta Paraty mesmo com tempo nublado

A 21ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) chega ao seu epílogo - ou ao seu fim - neste domingo (26) sob um céu encoberto por nuvens, um cenário singular para os amantes da literatura que estiveram presentes. Mesmo sob a influência de um clima imprevisível, a programação vibrante e eclética da Flip deixou sua marca. 

Dos renomados escritores nacionais e internacionais, como Conceição Evaristo e Itamar Vieira Jr. que lotaram as casas literárias; às performances artísticas nos espaços alternativos, como na Praça da Matriz e na Festa Literária Pirata de Paraty, a Flipei, que encantaram o público, foi o clima peculiar que adicionou um toque especial aos últimos dias do evento. 


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Durante o dia, alternando entre tempo aberto e pancadas de chuva, autores da região metropolitana protagonizaram momentos inesquecíveis em seus lançamentos de livros. É o caso da escritora, professora e poeta gonçalense Flávia Joss (@flaviasjoss2_). Integrante dos coletivos Escreviventes (@coletivoescreviventes) e Escritoras Vivas (@escritorasvivas) e autora de Histórias e Memórias e Canções para desviver, a poeta lançou nesse sábado seu primeiro livro de contos, 'Acalanto em lá menor' (Mondru), no espaço externo da Casa Gueto. 

Flávia Joss
Flávia Joss |  Foto: Divulgação

A relação próxima com a música, e na companhia do marido cantor e instrumentista, suas referências influenciaram o título da obra. O conteúdo, no entanto, passa longe de leveza e floreios. O livro traz 18 contos que abordam o protagonismo feminino e temas contundentes do mundo contemporâneo, com "histórias de vida em carne viva". 

"Estar numa festa literária internacional dentro de uma casa literária é um momento importante. A gente sabe que ser um escritor no Brasil é um caminho longo, é tudo muito rígido, mas as portas se abrem quanto você está numa casa, as pessoas te veem, isso é muito importante", explicou Flávia Joss.

"O livro fala sobre temas que sempre me incomodavam muito. Aborda o protagonismo feminino negro, com todas as questões que passam pelo colorismo, questões que atravessam as mulheres negras e pardas aqui no Brasil", continuou Flávia, que também fez uma análise crítica a respeito da divisão dos espaços na Flip. 

"Ano passado, eu vim como visitante e me encantei. Hoje retorno como escritora, estou feliz por estar numa casa literária como a Casa Gueto, mas algumas questões ainda me incomodam na Flip. É como um apartheid. A programação oficial acontece num lugar de mais visibilidade e as editoras independentes ficam literalmente do outro lado. Muitos passam para ir à Flipei e 'descobrem' os stands da Praça Matriz, mas e quem não passa por lá? De certa forma, ainda é um evento bastante plural na programação, mas com o público majoritariamente branco e rico". 

Flávia Joss encontra Conceição Evaristo no Boteco Damião
Flávia Joss encontra Conceição Evaristo no Boteco Damião |  Foto: Divulgação
 

Outra escritora da região que esteve presente para lançar seu livro foi a poeta Cecília Rogers (@ceciliarogers.poeta), de Niterói. Engenheira por formação, Mestra em Literatura Portuguesa e Africana (UFF), ela é poeta, mãe e avó como costuma definir em suas redes sociais. Em 2022, teve um poema premiado no concurso Poeta Carvalho Jr. e outro finalista no Prêmio Off Flip.

Cecília Rogers
Cecília Rogers |  Foto: Divulgação

Cecília lançou também na Casa Gueto, pela mesma editora, a Mondru, seu primeiro romance, 'Agualuz'. É um romance de muitas camadas, que revela com imagens fortes e sensíveis, aquilo que está oculto nas sombras dos traumas e laços humanos.

"É um drama psicológico, que tem como protagonista uma mulher que vai fazer um mergulho nos seus traumas, atravessando diversas camadas. Escrevo entre consciência e delírio, luz e sombra. A forma da escrita transparece isso também", resume a autora. Por conta da chuva, o lançamento de Cecília Rogers aconteceu no ambiente interno da Casa Gueto. 

Neste domingo, pela manhã, Cecília estará na mesa de debate 'Saúde mental e morte entre luz e sombras: literatura como instrumento de materialização de direitos humanos', na Casa Gueto.

Entre outros autores da região que estiveram presentes no evento para autografar seus livros estão Liz Negrão e Celso Possas Jr, de Niterói; e Bete Pereira, de São Gonçalo.

Liz Negrão
Liz Negrão |  Foto: Divulgação

Publicada pela editora Itapuca, Liz Negrão (@liznegrao) esteve no stand da editora para uma sessão de autógrafos. Entre os livros publicados, está o livro solo de poesia mais recente, 'Olhe para dentro'. Liz Negrão é formada em Letras pela Uerj, é escritora e professora. Mantém a página 'Textos engavetados' com mais de 200 mil seguidores no Facebook. Foi vencedora dos prêmios Strix de Literatura (2020) e Ecos da Literatura (2022). 

Editor da niteroiense Itapuca (@editoraitapuca), Celso Possas Jr. (@celsopossasjr) é também escritor e já publicou mais de 15 livros, em sua maioria romances policiais e/ou psicológicos. Formado em Economia, rendeu-se à paixão pela literatura e decidiu abrir a própria editora em 2016, hoje uma referência na cidade. 

Celso Possas Jr.
Celso Possas Jr. |  Foto: Divulgação

Entre as obras publicadas presentes na Flip estão o lançamento 'O exilado'; 'A última vítima', 'Mais desafiador', 'O segredo de Constantinopla', 'Véu do Diabo' e 'O último dia'. 

Integrante do coletivo Escritoras Vivas, de São Gonçalo, a poeta Bete Pereira (@silvabete55) tem livros publicados pela editora Proverbo (@editoraproverbo), de Maricá. Ela é autora solo de 'Muitas formas de Amar' e 'Amores e Saudades'.

Bete Pereira
Bete Pereira |  Foto: Divulgação

Lançado no ano passado, o livro de poesia 'Amores e Saudades' reúne grandes declarações de amor regadas de muitas saudades. "Saudades que ficam registradas em fotos, em momentos únicos, que nos dão motivos para viver cada dia, de fechar os olhos e recordar com alegria tudo que foi vivido", resume.

Microfone aberto

Uma das marcas da Flip, o momento de microfone aberto para declamação de poemas é comum a vários pontos do evento. Na Casa Gueto, no lançamento da antologia 'A mulher não sou eu', os organizadores da casa deixaram o microfone aberto para quem quisesse deixar a sua fala poética para o público.

O mesmo ocorreu no sarau que acontecia ao lado da programação da Flipei, com artistas empolgados em deixar sua homenagem em forma de poesia. 

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